Posição Líbero: Existem líberos no Brasileirão?

27 de nov. de 2008

Posição Líbero: Existem líberos no Brasileirão?


Rodrigo Grassi Martins*

No livro Evolução Tática e Estratégias de Jogo, Carlos Alberto Parreira define o líbero como sendo o ponto de equilíbrio do time, dando segurança aos defensores de saírem para acompanhar a marcação. Na figura abaixo extraída do livro, Parreira aborda uma das funções do líbero, fazendo a “sobra” da defesa, ou em outras palavras atuando como o último homem de linha a defender.


Parreira destaca ainda que o líbero clássico é um jogador que se sobressai pela qualidade técnica e inteligência tanto para o jogo defensivo quanto para o ofensivo. Cabendo ao líbero a função de organizar o time, atuando na armação de jogadas dando consistência ofensiva a equipe, observe a imagem abaixo também extraída do livro Evolução Tática e Estratégias de Jogo. É o jogador que normalmente inicia as jogadas, é o responsável pelo primeiro passe, a exemplo do que ocorre no vôlei.



Na Europa a posição de líbero sempre foi bastante explorada e vários jogadores se destacaram atuando nesta função. O alemão Franz Beckenbauer foi um dos grandes nomes do futebol europeu na década de 70. Jogando pelo Bayern de Munique foi tricampeão da Liga dos Campeões em 74/75/76. Pela seleção foi campeão do mundo em 74.

Beckenbauer atuava como líbero a frente da defesa. Sua elegância e técnica refinada aliada a grande visão de jogo permitia que ele armasse o jogo. A visão de jogo privilegiada também permitiu que ele repetisse o sucesso que obteve como jogador como treinador. Como técnico da seleção alemã foi campeão do mundo em 90.

Outro grande jogador que obteve muito sucesso atuando como líbero foi o italiano Franco Baresi. Em vinte anos de carreira como jogador Baresi vestiu apenas duas camisas a do Milan e a da seleção italiana. Pelo Milan ganhou tudo, foram seis campeonatos italianos e três copas da Uefa - uma grande história que terminou com o Milan aposentando a camisa número 6, com a qual atuava. Pela seleção italiana Baresi conquistou um título mundial como reserva em 82 e um vice-campeonato em 94, quando para nossa alegria chutou para o espaço sua penalidade na decisão por pênaltis contra o Brasil. Após essa partida, Romário chegou a declarar que Baresi teria sido o marcador mais implacável que encontrara em toda sua carreira.
Diferente de Beckenbauer, Baresi atuava atrás da linha de defesa e é considerado por muitos, especialmente na Itália, como o maior líbero da história do futebol.

No Brasil existe um certo preconceito com a posição de líbero. A maior causa disso talvez seja o fracasso da seleção brasileira na copa de 90. O então técnico da seleção, Sebastião Lazaroni armou o time no 3-5-2, tido como muitos por aqui como um esquema defensivo. No esquema adotado por Lazaroni o Brasil jogava com três zagueiros e Mauro Galvão foi o escolhido para exercer a função de líbero. A fraca participação na copa não só derrubou o técnico da seleção como também serviu para “queimar” alguns jogadores que fizeram parte daquele grupo.

Mauro Galvão nunca mais teve seqüência na seleção e só conseguiu apagar a imagem ruim que ficou, anos mais tarde, quando formou ao lado de Odvan a dupla de zaga campeã do Brasileirão em 97 e da Libertadores em 98, ambos pelo Vasco da Gama. Jogando um grande futebol Mauro chegou a ter o nome pedido pela torcida para disputar a Copa de 98 mas acabou preterido pelo técnico Zagalo.
Mauro Galvão superou o trauma de 90 e voltou a jogar seu melhor futebol. Mas e o líbero? O que aconteceu com essa posição? Continua a ser utilizada no futebol brasileiro? Será que ainda existem líberos no nosso futebol ou é seria essa uma “espécie extinta” por aqui?

*Rodrigo é mestre em Ciência da Computação e responsável por projetos da ScoutOnline.

Texto também publicado na Cidade do Futebol (http://cidadedofutebol.com.br)

Dados Fornecidos pela ScoutOnline

A Era Biro-Biro: Os Biros-Biros do futebol atual.

24 de set. de 2008

A Era Biro Biro: Os Biro-Biros do Futebol Atual

Revivendo a aura do corintiano que se firmou como um autêntico polivalente dentro das quatro linhas

Rodrigo Grassi Martins*

Recentemente, por conta da campanha publicitária de uma grande multinacional, muito foi falado a respeito de Biro-Biro, um dos eternos ídolos do Corinthians. Este pernambucano que jogou por 11 anos (1978-1989) , sendo o quinto jogador que mais vezes vestiu a camisa do Timão, tendo disputado 592 jogos, notabilizou-se pela raça e por atuar na posição que fosse necessário. No Corinthians, foi campeão paulista em 4 oportunidades, na primeira em 1979 era meia-direita, em 1982 ponta-esquerda, em 1983 ponta-direita e em 1988 como volante, do meio para a frente jogou em todas as posições e até de quarto-zagueiro chegou a atuar.

Outro jogador que marcou época no alvinegro paulista foi Wilson Mano, atuando no período de 1985 à 1992, o paulista de Auriflama também se notabilizou pela versatilidade - de todas as posições só não atuou no gol. Certamente tanto Biro-Biro quanto Wilson Mano deixaram saudades na fiel torcida. Ah se eles tivessem jogado o ano passado, certamente o Corinthians não teria caído para a segundona...poderia afirmar os corintianos mais otimistas. Mas o objetivo deste texto não é relembrar os grandes ídolos do Corinthians e seus tempos de glória. O foco aqui é exaltar um tipo de jogador que tem ganhado muita importância no futebol brasileiro atualmente: o Curinga.

Em virtude das dificuldades financeiras dos times brasileiros é cada dia mais díficil manter seus principais jogadores no elenco. A procura dos times do exterior pelo "pé-de-obra" nacional aumenta anualmente. Soma-se a isso, o fato do atual sistema de disputa, por pontos corridos, do campeonato nacional, privilegiar as equipes com os melhores elencos. Uma solução cada vez mais utilizada pelos nossos times é rechear seus elencos com curingas.

Marquinhos Paraná: O Multi-Homem do Cruzeiro.

Revelado pelo Paraná Clube e com boas passagens pelo Figueirense, onde conheceu Adilson Batista, Marquinhos Paraná chegou à Toca da Raposa no início do ano. A aposta do treinador cruzeirense em repatria-lo do futebol japônes não foi por acaso. O elenco celeste apesar de muito bom não é muito numeroso e possui carências em algumas posições. Dono de um bom passe, eficiência nos desarmes e principalmente pela capacidade de atuar em 3 posições o experiente jogador logo se firmou como um dos principais jogadores da equipe mineira.

Volante de formação Marquinhos não vem sendo tão utilizado nesta função. A concorrência no setor é grande Fabrício, Charles e Ramires compõe a trinca pricipal de volantes cruzeirenses. Entretanto na lateral direita ele é presença constante, o número reduzidos de opção para este setor é uma das carências do elenco, Jonathan é o outro lateral direito. A lateral esquerda com o instável Jadilson é outra posição carente do time celeste e freqüentemente Marquinhos atua também por aquele lado do campo.

Seja nas laterais ou como volante, recentemente por conta da convocação de Ramires para as Olimpiadas, Marquinhos Paraná é um dos titulares da forte equipe do Cruzeiro. As imagens abaixo, obtidas da Prancheta Eletrônica**, mostram o posicionamento efetivo*** da equipe celeste em ação pelo Campeonato Brasileiro e ilustram bem a participação do curinga cruzeirense.




Com a camisa 2 contra o Fluminense, atuando na lateral-direita.




Com a camisa 8 contra o Naútico, atuando de volante, durante a ausência de Ramires na seleção olimpica.




Com a camisa 6 contra o Vitória, atuando de lateral esquerdo, em jogo da 1ª rodada do 1º turno.

Cícero: O efeito surpresa do Fluminense.

Revelado pelo Bahia, poxa que falta faz o tricolor baiano na elite, e com ótima passagem pelo Figueirense. Cicero chegou ao Fluminense para a temporada de 2007 ao lado do parceiro Soares, com quem formou ótima parceira no clube capixaba. O começo não foi dos melhores para ambos. Tanto que Soares não conseguiu se firmar e foi negociado com o Grêmio no início deste ano. Mas Cicero ficou e “estourou” no primeiro semestre de 2008.

A boa campanha do Fluminense na Libertadores entrou para a história. Bons jogos, torcida lotando o Maracanã e empurrando o time. Foi um momento especial na história do clube. E Cicero foi um dos responsáveis diretos. O meia de formação ajudou o time a “encaixar”. Atuou como segundo volante, meia de ligação e de atacante.

Sua capacidade em atuar em várias posições permitiu inclusive ao técnico Renato Gaúcho aplicar o chamado “nó tático” na partida de volta pelas quartas contra o São Paulo. Cicero entrou como segundo atacante e marcação do São Paulo não o achou em campo. Até o técnico paulista perceber a variação e encontrar a forma de marcar o tricolor das Laranjeiras era tarde e o Fluminense já vencia a partida. Renato usou a mesma estratégia contra o Boca e contra a LDU, variar o posicionamento de Cicero de acordo com a situação do jogo.

Infelizmente as boas atuações de Cicero não foram suficientes para que o “Pó de Arroz” se sagrasse campeão da América. Mas foram suficientes para chamar a atenção dos estrangeiros. E o Hertha Berlin da Alemanha acabou levando o jogar para a Europa.




Cicero, com a camisa 17, em ação no primeiro tempo da partida contra o Boca. Postado como volante pela esquerda.


Cicero, com a camisa 17, em ação no segundo tempo da partida contra o Boca. Postado como meia de ligação.




Cicero, com a camisa 17, em ação no primeiro tempo da partida contra a LDU. Postado como meia-atacante – alternando de posição com Conca e Thiago Neves.


Cicero, com a camisa 17, em ação no segundo tempo da partida contra a LDU. Postado como volante pela esquerda e apoiando bastante o ataque.




A presença de curingas é cada vez maior nas equipes brasileiras. Podemos enumerar uma série deles: Romerito do Goiás, que joga de ala, meia ou atacante,Carlinhos Paraíba do Coritiba, que alterna nas funções de meia e volante, Kléber do Santos, que é lateral-esquerdo mas também atua na meia Madson do Vasco, que faz vezes de lateral-esquerdo, meia e segundo atacante, Alex do Internacional, joga de meia-esquerda, lateral-esquerdo e atacante. Enfim a lista é extensa e sempre ficará faltando algum nome. Mas a participação dos curingas só tende a aumentar. Será que no futuro teremos um time só com Biros-Biros?

*Rodrigo é mestre em Ciência da Computação e responsável por projetos da ScoutOnline.
**Prancheta Eletrônica – software Scoutonline que permite a visualização de dados em tempo real.
***Posicionamento Efetivo – visualização do posicionamento das equipes baseado nos dados coletados pela Scoutonline.
Texto também publicado na Cidade do Futebol (http://cidadedofutebol.com.br)

Dados Fornecidos pela ScoutOnline

As Posições dos Jogadores: “Profundidade”, uma das funções do atacante

12 de set. de 2008

As Posições dos Jogadores: “Profundidade”, uma das funções do atacante

A função principal do atacante é bastante óbvia: marcar gols. Sem dúvida é um jogador que tem que saber aproveitar as oportunidades. Porém, quais contribuições táticas o atacante pode dar à sua equipe? Seu posicionamento e movimentação podem facilitar a criação de jogadas? Com certeza sim, até mesmo quando o atacante nem sequer recebe a bola. Agora veremos algumas funções que podem ser exercidas pelos atacantes.

Em primeiro lugar, o atacante é na maioria das vezes o jogador mais próximo do gol adversário. E por isso uma de suas funções é fazer com que cada vez mais o defensor seja obrigado a recuar. Este é o conceito de profundidade, o qual Parreira comenta em seu livro “Evolução Tática e Estratégia do Jogo” da seguinte maneira:

"No ataque, é importante que a equipe tenha, pelo menos, um jogador o mais adiantado possível, utilizando a profundidade do campo. Este atacante deve sempre procurar ir para cima do último defensor e tentar levar ou empurrar a defesa para trás.”

Quanto maior a profundidade da equipe no ataque, mais difícil para a defesa manter-se compacta. E quanto menos compacta estiver a defesa, mais espaço para a jogada ser trabalhada. Portanto, o atacante pode facilitar a jogada sem sequer tocar na bola.

O atacante não é o único responsável por dar profundidade a equipe, mas normalmente é quem o faz (por estar mais próximo à área). É muito comum ver equipes que atuam com dois atacantes, sendo que um tem mais liberdade para buscar o jogo e o outro fica mais “enfiado”. Este atacante é comumente chamado de “referência na área”. Deve-se lembrar que sua função não se resume apenas em fazer gols, mas sim facilitar todo processo ofensivo. Em breve outras funções e detalhes sobre os atacantes! Fique ligado!

O 4-5-1 Pode ser um sistema tático com poder ofensivo?

10 de set. de 2008

O 4-5-1 Pode ser um sistema tático com poder ofensivo?

O 4-5-1 é um sistema pouco usado no Brasil, principalmente no início do jogo. Isso acontece porque existe um paradigma que diz que o 4-5-1 serve para armar uma bela duma retranca, perdendo muito em ofensividade. Na Europa variações do 4-5-1 tem sido usado por diversas equipes mesmo quando a intenção não é ficar só na defesa. O princípio básico para tornar o 4-5-1 ofensivo é que ao atacar o sistema transforma-se no 4-3-3 coma subida dos meias ao ataque. Antes de entrar em mais detalhes, vamos entender melhor os conceitos básicos deste sistema.

O 4-5-1 consiste em 4 jogadores de defesa (podendo ser 4 zagueiros de ofício ou 2 zagueiros e dois laterais), cinco jogadores no meio campo e apenas um atacante. A figura ao lado mostra os jogadores divididos pelos setores com a numeração mais comum (porém não obrigatória).

A primeira vista, o 4-5-1 parece bastante defensivo. Os quatro jogadores de trás costumam subir pouco ao ataque, pois o meio campo está congestionado. Os jogadores representados na figura ao lado com as camisas 7 e 11 podem ser chamados de alas ou meias, dependendo de suas funções. De qualquer forma, é comum que estes dois jogadores dêem o primeiro combate nos alas/laterais da equipe adversária, dificultando o jogo pelas laterais.


Porém, é possível ter um ataque poderoso mesmo com apenas um jogador originalmente próximo à área. Na figura ao lado indicamos que com a posse de bola, os jogadores 7 e 11 (que neste caso seriam considerados meia-atacantes, tornam-se pontas, transformando o sistema para o 4-3-3. A criação das jogadas poderia ainda ser auxiliada por um dos volantes (camisa 5 ou 8). Sem a posse de bola o 4-5-1 voltaria a reestruturar-se. A maior desvantagem seria o desgaste físico dos jogadores responsáveis pela dupla função. Os contra-ataques pelas laterais podem ser enfrentados pelos zagueiros-laterais (camisa 2 e 6), que normalmente não vão tanto ao ataque neste sistema.

Além de ter uma defesa consistente, meio de campo congestionado e poder ofensivo, o 4-5-1 visto desta maneira ainda tem outra vantagem: quando os meia-atacantes (7 e 11) sobem ao ataque ao mesmo tempo (o que deve sempre ocorrer) a equipe ganha amplitude no ataque com muita facilidade, abrindo espaço para penetrações na defesa adversária.

Talvez você não encontre no Brasil o 4-5-1 estruturado desta forma. Para ver equipes com este padrão, busque por jogos das seleções da europa ou jogos de equipes espanholas, inglesas e até mesmo alemãs. Em breve traremos exemplos reais de equipes que utilizam este sistema! Fique ligado!

Conceitos Táticos de iguutebol: O que diz Parreira sobre Amplitude?

5 de set. de 2008

Conceitos Táticos do Futebol: O que o Parreira diz sobre “amplitude”?

Em outro artigo já falamos sobre “amplitude” (ou abertura), um princípio de jogo importante no futebol. Porém, naquela oportunidade colocamos apenas nossa opinião sobre o assunto. Para você que ficou desconfiado e quer saber mais sobre o assunto, citaremos a opinião de um reconhecido profissional da área: Carlos Alberto Parreira.

Em seu livro “Evolução Tática e Estratégias de Jogo”, Parreira fala da desde os primeiros sistemas táticos utilizados até as principais características do futebol atual. A visão de Parreira é, no mínimo, diferenciada em relação à outros técnicos brasileiros.


Sem mais delongas, vejamos o que Parreira fala sobre “abertura” (termo preferido por ele):

Jogar bem aberto, utilizando os corredores laterais, cria espaços e condições para penetrações frontais e diagonais. Força,por outro lado, o oponente a se abrir também.”


A figura acima também foi retirada de seu livro e mostra os jogadores buscando jogar com abertura. Parreira também comenta outros princípios de ataque (profundidade, mobilidade, penetração, criatividade, improvisação e habilidade) e princípios de defesa (pressão na bola, recuperação, cobertura, equilíbrio e compactação/concentração). Em outro momento discutiremos cada um deles! Fique ligado!

As Posições dos Jogadores: 1°, 2° ou 3° Volante?

3 de set. de 2008

As Posições dos Jogadores: 1°, 2° ou 3° Volante?

Em outro artigo já falamos sobre o volante no futebol e suas principais funções. Porém, dentro da função de volante existem algumas especialidades. Uma das possíveis classificações para essa posição é a de primeiro, segundo e terceiro volante.Basicamente, uma equipe pode utilizar de 1 a 3 volantes na sua estrutura. Quando apenas um volante está em jogo, normalmente este jogador vai pouco ao ataque, enfatizando a marcação no meio campo, na faixa central. Com dois volantes a dinâmica pode mudar um pouco. Normalmente um dos volantes continua próximo à seus zagueiros (1° volante) enquanto o outro participa mais ativamente do ataque (2° volante). Em casos onde existem 3 volantes, normalmente um jogador fica próximo à zaga (1° volante) enquanto os outros dois (2° e 3° volante) revezam entre si nas subidas para o ataque.

Vejamos alguns exemplos hipotéticos:

Figura1

Figura2

Figura3

Exemplo de posicionamento com apenas um volante (jogador 8)

Jogador 5 atuando como primeiro volante e jogador 7 como segundo volante.

Três volantes: jogador 5 (1°), jogador 7 (2°) e jogador 8 (3°)

Na figura 1 é possível perceber que com apenas um volante o jogador têm uma área muito grande para marcar e, portanto, não tem tanto liberdade para atacar. No caso de dois volantes (figura 2) divide-se a zona de marcação em direita e esquerda, muitas vezes dando liberdade para o segundo volante auxiliar o meia-armador na criação das jogadas. A figura 3 mostra uma equipe posicionada com 3 volantes, onde o primeiro fica próximo aos zagueiros e os outros dois têm funções muito parecidas. Três jogadores de marcação no meio campo são muitas vezes utilizados quando o treinador pretende congestionar esta região e evitar que a outra equipe troque passes com facilidade em seu campo ofensivo.

Exemplos Reais:

Uma das maneiras de estudar um jogador e suas funções é pelo registro das suas ações com bola. Abaixo serão apresentadas figuras que chamamos de área de atuação. Cada uma das marcas na representação do campo significa uma ação técnica do jogador naquele local. Vamos comparar a área de atuação de equipes estruturadas com diferente número de volantes:

Posicionamento efetivo dos jogadores: Figueirense (vs. Goiás 30/08/08)

Área de atuação dos volantes: Gomes (1°), Magal (2°) e Leandro Carvalho (3°).

As figuras 4 e 5 são referentes ao posicionamento dos jogadores do Figueirense no primeiro tempo do confronto contra o Goiás (30/08/2008). Na figura 4 vemos o posicionamento efetivo de todos os jogadores, sendo que Gomes (camisa 5) jogou como primeiro volante; Magal (11) como segundo e Leandro Carvalho (8) como terceiro volante. A Área de atuação destes três jogadores está representada na figura 5. Nota-se que Gomes é responsável principalmente pela marcação no meio campo, enquanto Magal e Leandro Carvalho fazem a marcação nas laterais e saem mais para o ataque.


Posicionamento efetivo dos jogadores: Grêmio (Vs. Portuguesa 13/07/2008)

Rafael Carioca
(Grêmio Vs. Portuguesa 13/07/2008)

Agora vejamos o caso do Grêmio no jogo contra a Portuguesa. O sistema tático utilizado era o 3-5-2, sendo que Rafael Carioca (camisa 8) era o único volante da equipe. Na figura 6 pode-se perceber que ele é o único jogador próximo aos zagueiros (camisas 3, 4 e 5). Ao lado (figura 6) é possível perceber que Rafael Carioca manteve-se centralizado, o que é uma característica importante para jogar com apenas um volante. Para a marcação dos flancos do campo é necessário o auxílio dos zagueiros e alas da equipe.

Esperamos que agora as características da função do volante estejam mais claras, ainda mais porque o volante é um jogador importantíssimo nos sistemas de jogo modernos. Em outras oportunidades traremos informações ainda mais detalhadas sobre essa posição, sobre os principais jogadores do Brasil nesta função e até mesmo a história desta posição. Fique ligado!

Dados fornecidos pela ScoutOnline

Conceitos Táticos do Futebol: “Amplitude ou Abertura”

25 de ago. de 2008

Conceitos Táticos do Futebol: “Amplitude ou Abertura”

Quando se trata do Futebol, podemos dar uma coisa como certa: tática não se resume em sistema tático (4-4-2, 3-5-2, etc.). Existem diversos conceitos de tática individual e coletiva que se aplicam a qualquer sistema, seja com mais o menos dificuldade.
Amplitude” (chamado também de "abertura") é um conceito ofensivo de tática coletiva. Para visualizar a amplitude de uma equipe basta encontrar a distância entre os dois jogadores mais próximos a cada uma das linhas que delimitam as laterais do campo. As figuras abaixo são exemplos hipotéticos de amplitude em um determinado momento da posse de bola da equipe, onde as distâncias estão representadas pela seta vermelha:

figura1

figura2

figura3

Mas para que serve amplitude? É melhor ter maior ou menor amplitude durante um ataque? Essa não é uma resposta difícil, principalmente se pensarmos que o objetivo da movimentação ofensiva é abrir espaço na defesa adversária. Um ataque amplo faz com que os jogadores de defesa fiquem mais longe um dos outros, com mais espaço entre eles. Portanto, quanto maior a amplitude do ataque existe mais espaço na defesa adversária.

E quem devem ser os jogadores responsáveis por dar amplitude à equipe? Em uma visão superficial, poderíamos pensar que os laterais/alas seriam os principais responsáveis por manter este conceito, mas nem sempre isso é verdade. Em um sistema com apenas 2 zagueiros, por exemplo, pode ser que o lateral do lado oposto da bola não vá ao ataque, exigindo que outro jogador (um meia ou um atacante, por exemplo) faça com que a equipe ataque com boa amplitude. No 4-3-3, por exemplo, é muito comum que os atacantes atuem abertos e sejam os principais responsáveis por esta função, mesmo quando a bola está do outro lado do campo. Portanto, o conceito de amplitude depende de cada sistema de jogo, características dos jogadores e estratégia adotada pela equipe, entre vários outros fatores. O que não pode acontecer (apesar de ser muito comum) é atacar uma equipe compacta sem pensar em amplitude, pois isso trará muita dificuldade aos jogadores.

Em breve traremos exercícios de treinamento para este conceito! Fique ligado!