O Analfabetismo Tecnológico no Futebol Brasileiro

28 de mar. de 2008

Eduardo Fantato e Nicolas Bacic


O título desse artigo pode assustar alguns e ser encarado como provocação por outros. Prefiro ficar com a segunda opção, pois quando assustados muitas vezes corremos de diversas situações, enquanto que quando provocados buscamos argumentos e coerência para compreender e reagir.

Compreender os avanços tecnológicos é uma situação complexa realmente, tal a velocidade e possibilidades que são abertas. Mas isso não nos impede de utilizá-las e aplicá-las em nosso dia-a-dia. Tecnologias estão presentes nos diferentes setores, principalmente como forma de melhoria dos processos e otimização de resultados e eficiência.

Não é preciso ir fundo para visualizar o que queremos dizer com o título desse artigo. Mas apressamos-nos em não causar mal-estar. Analfabetismo deve ser visto não como uma alcunha pejorativa e sim como o desconhecimento ou falta de habilidade, um despreparo. E quando falamos em tecnologia a referência esta nas definições mais básicas de um dicionário: “aplicação dos conhecimentos científicos a produção em geral”, conhecimentos organizados, sistematizados, com intuito de obter um resultado de forma mais rápida e precisa.

O profissional do futebol brasileiro muitas vezes por desconhecimento ou falta de preparo (condições comuns a todos nós brasileiros) assume postura defensiva ou até mesmo de fervorosa oposição em relação a aplicação desses recursos em seu dia-a-dia.

Melhorar a execução de movimentos, os deslocamentos, precisão, avaliar desempenhos coletivos, rendimento técnico e tático, planejamento e controle de treinos, gestão da equipe desde aspectos administrativos até os aspectos técnicos, fazem parte de uma gama de possibilidades para o uso da tecnologia a serviço do futebol. Outras modalidades têm se beneficiado do uso da tecnologia, e mesmo assim não usufruem todo potencial tecnológico que pode ser implementado.

É comum ouvirmos argumentos como “o futebol é diferente”, “não dá para aplicar essas coisas, porque o que vale é na hora do jogo, lá no campo”. Sem dúvidas existe uma série de variáveis que interferem no resultado do jogo, desde o planejamento da temporada até o próprio desenrolar de uma partida. Mas com certeza mecanismos que otimizam o desempenho da equipe são sempre diferenciais no esporte, sejam eles de qualquer forma ou intensidade.

Esse espaço que inauguramos hoje visa discutir as possibilidades da tecnologia no futebol, as dificuldades, as resistências, os benefícios e resultados, através de ilustrações concretas do que ela é capaz. Mas para tanto devemos abrir a mente sobre a abrangência, os usos e interpretações que derivam de sua aplicação porque...

...enquanto os “profissionais” do futebol brasileiro considerarem uma revolução tecnológica assistir DVD e não mais o videocassete, que a imprevisibilidade torna o futebol acima de qualquer suspeita (leia-se tecnologia), o uso dos recursos tecnológicos como instrumentos para melhoria de eficiência das equipes será apenas tema para artigos e discussões sobre como poderiam ser úteis tais recursos no futebol...e não sairíamos do:

Ah! Se desse para aplicar tecnologia no futebol !!!”


1 comentários:

Anônimo disse...

Bem pertinente este artigo, penso que temos que ter mais discussões a respeito da formação dos profissionais "Do Futebol", de uma forma mais ampla, tanto no aspecto da formaçãodo atletas , treinadores e Dirigentes.