Futebol Produto: Exportação de Jogadores e... Evolução do Fut

9 de mai. de 2008

Futebol Produto: Exportação de Jogadores e... Evolução do Futebol Brasileiro???
texto por Fernando Ziskind, baseado em pesquisa acadêmica de Pedro Badur

O Futebol já deixou de ser apenas um esporte há muitos anos. Passou a ser também um mercado que movimenta, segundo a FIFA, 250 bilhões de dólares por ano em todo o mundo. É impossível (e até inocente) pensar no futebol moderno sem prestar atenção na influência que esta gigantesca movimentação financeira exerce sobre o tão praticado esporte.
E onde o Brasil e nosso “futebol arte” (entenda as aspas com tom irônico) se encaixa neste cenário? Segundo o relatório final desenvolvido pelo Plano de Modernização do Futebol Brasileiro (2000) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil movimenta aproximadamente 16 bilhões de dólares anuais. Porém, mais importante do que esta quantia, é discutir o futuro do futebol brasileiro.

O Brasil sempre foi famoso por seus craques. E estes eram (e em alguns casos ainda são) muito cobiçados pelo mercado Europeu. Os jogadores eram vendidos por preços astronômicos e até hoje foi assim que o futebol brasileiro sobreviveu, fazendo o papel de “clube formador de atletas” para que estes chegassem prontos na Europa. E cada vez mais aumentou o interesse dos clubes em exportar jogadores e, aos poucos, cenário foi mudando. Agora não são mais os “craques”, mas sim os “garotos” que são vendidos. Os clubes Europeus estão buscando atletas mais novos (e em maior quantidade). Será que vender mais jogadores significa maior renda para o brasil? Vejamos as duas tabelas abaixo:

Tabela 1. Número de equipes participantes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro e quantidade de transferências internacionais regulamentadas pela CBF.



Tabela 2. Valores referentes ao lucro anual gerado pelas transferências internacionais de jogadores brasileiros.


Nota-se na tabela 1 o constante (e, talvez, exponencial) crescimento do NÚMERO de jogadores negociados internacionalmente. E na tabela 2 é possível perceber grande INCONSTÂNCIA dos valores totais das transferências. Em primeiro lugar, devemos ter claro que o número de jogadores negociados não está diretamente relacionado com os milhões de dólares envolvidos! Vejamos algumas considerações de Pedro Badur a respeito do assunto:

Enquanto em 2003 obteve-se quase 73 milhões de dólares com a venda de 858 atletas; em 2004, com apenas um atleta negociado a menos, obteve-se um valor de praticamente 30 (trinta) milhões de dólares a mais. A partir daí, questiona-se o real valor dos atletas negociados. Qual a porcentagem de profissionais? Quantos ultrapassam a quantia de um milhão de dólares? Quais deles fariam falta ao futebol brasileiro? (...) De qualquer maneira, os jogadores da primeira divisão, considerados importantes para o cenário nacional preencheram, no período citado, entre 4,6 e 7,6% das exportações. Mais de 90% desse montante são jogadores jovens, sem renome e até mesmo ainda não profissionais (...). Descomedir-se da contenção de negociações precoces talvez seja fadar o futebol brasileiro à estagnação retrógrada – aos objetivos da modalidade, que prezam pelo maior número de adeptos – de atletas e à baixa qualidade à modalidade no país.”

Portanto, amigos e apaixonados por futebol, cuidado com o que dizem por aí. Caso vocês tenham algum conhecido da Espanha, Itália ou qualquer outra potência futebolística, sejam cuidadosos. Somos os únicos a acreditar que o Brasil tem o melhor futebol do mundo e, por enquanto, podemos defender tal teoria com o simples fato de sermos aqueles que mais vezes conquistaram a maravilhosa Copa do Mundo. Sejam cuidadosos ao dizer que na próxima ou na outra Copa nossos adversários não tem chance, ou até mesmo que o Brasil é sempre o favorito. E digo isso porque enquanto nossos adversários evoluem suas condições físico-técnico-táticas-estruturais, nos estamos estagnados no tempo. Será que não precisamos treinar nossos jogadores aqui e podemos vendê-los antes mesmo de torná-los profissionais? Quais serão as conseqüências deste desleixo para a qualidade do futebol brasileiro?

Atenção! O Brasil só sustenta a “faixa de melhor do mundo” enquanto carregar mais títulos do que seus adversários. Por quanto tempo? Esperamos que por toda a eternidade, desde que seja uma retribuição merecida ao esforço e ao planejamento!
Todos os dados deste artigo foram tirados de uma pesquisa acadêmica de Pedro Badur, que engloba vários outros assuntos relacionados ao futebol como negócio. Clique no link abaixo para baixar a pesquisa completa em formato PDF

NEGÓCIOS E O FUTEBOL EMPRESA: discussão sobre o papel do atleta nas ações mercadológicas (Pedro Badur)

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