Depois de 50 anos...

24 de jun. de 2008

Depois de 50 anos...
Por Raphael Barreto.

Estamos comemorando 50 anos da histórica vitória brasileira na Suécia. Antes de chover no molhado e escrever que essa era uma seleção de sonhos (Pelé e Garrincha na mesma equipe!), que o Bellini era encarnação da garra, o Didi era a elegância em campo, Vavá “peito de aço”.... Feitos heróicos tendem à ser superestimados e disso nascem as lendas. Essa conquista tem um porém, foi tudo televisionado (a primeira copa à ser), nada do que foi comentado é exagero.

Na finalíssima de 29 de Junho de 1958 o desempenho arrasador se mostra nos números estatísticos quase sobrenaturais. Que tal um índice médio de acerto de passes de 80%? Não é passe para o lado para se livrar da bola e sim passes envolventes e ofensivos. Destaque para Didi (87,5% de acerto) e Pelé (82,6). Uma linha defensora que tem índice de acerto nos desarmes de 85%. Destaque para Bellini com 86,7 % de acerto neste fundamento. Se pelo chão é covardia, que tal cruzar a bola na área, mas só uma vez? Caixa! 100%! Fez 5 gols na final (2 de Vavá, 2 de Pelé e um do Zagallo). Não são números compatíveis com uma final de Copa do Mundo, jogo normalmente equilibrado e nervoso, o que leva à um número de erros maior do que fases anteriores. A torcida contra, o campo pesado e jogar no continente do adversário não ajudaram. O juiz roubando para o dono da casa (teve gol impedido da Suécia!) também não. Que mágica esse time tinha ?

Como diria a Feiticeira, não é magia, é tecnologia! Preparação física de primeira, treinos intensivos, viagem com antecedência para aclimatação, esquema tático bem definido, amistosos pré-copa contra adversários de peso. Os jogadores oriundos de nossas principais equipes da época (Santos, Botafogo, Vasco, Corinthians..) tinham forte apoio popular e identificação com a torcida. A esperança deveria ser grande, pois se jogavamos o melhor futebol do mundo, chegava a hora de ser campeão. Era a fórmula da pólvora! Funcionou ainda em 1962, deu chabú em 66, voltou à funcionar em 1970, deu chabú de novo em 74...

A conquista se repetiu mais 4 vezes nesses últimos 50 anos. O futebol hoje é quase outro esporte, nossa seleção foi vendida para um canal de televisão e sua camisa alugada para uma multinacional esportiva, não temos mais o melhor futebol do mundo, apesar de ter os melhores jogadores. Mesmo assim o pessoal de 58 nos deixou lições importantíssimas. Sem querer ser conservador, prefiro essas lições do que a revolucionária preparação para copa de 2006 (jogadores gordos, treinos oba-oba, amistosos contra o vento, esquema tático (?) discutível, jogadores que prefeririam jantar com a sogra do que estar ali, meias que não paravam na canela...). E olha que a torcida não era hostil, os gramados eram verdadeiros tapetes, os jogadores moravam na Europa, o juiz roubou para nós (contra Gana!). Que mágica esse time tinha ?

3 comentários:

Anônimo disse...

Vergonha na cara e amor a camisa. Comentário simplesmente perfeito. Faltou dizer que o futebol jogado era tão bonito e envolvente, que os Suecos torceram para o Brasil na semi e diante do espetáculo torceram para o Brasil na final também. Bons tempos que não voltam mais.

Anônimo disse...

CAMBADA DE VAGABUNDO. VÃO FAZER A MESMA PALHAÇADA NA AFRICA. FORA DUNGA !

Anônimo disse...

Rafael,valeu pela dica e pelos posts no meu blog. Desejo boa sorte e que vc continue escrevendo sobre futebol (sobre tenis deixa comigo)

Abs