A Era Biro-Biro: Os Biros-Biros do futebol atual.

24 de set. de 2008

A Era Biro Biro: Os Biro-Biros do Futebol Atual

Revivendo a aura do corintiano que se firmou como um autêntico polivalente dentro das quatro linhas

Rodrigo Grassi Martins*

Recentemente, por conta da campanha publicitária de uma grande multinacional, muito foi falado a respeito de Biro-Biro, um dos eternos ídolos do Corinthians. Este pernambucano que jogou por 11 anos (1978-1989) , sendo o quinto jogador que mais vezes vestiu a camisa do Timão, tendo disputado 592 jogos, notabilizou-se pela raça e por atuar na posição que fosse necessário. No Corinthians, foi campeão paulista em 4 oportunidades, na primeira em 1979 era meia-direita, em 1982 ponta-esquerda, em 1983 ponta-direita e em 1988 como volante, do meio para a frente jogou em todas as posições e até de quarto-zagueiro chegou a atuar.

Outro jogador que marcou época no alvinegro paulista foi Wilson Mano, atuando no período de 1985 à 1992, o paulista de Auriflama também se notabilizou pela versatilidade - de todas as posições só não atuou no gol. Certamente tanto Biro-Biro quanto Wilson Mano deixaram saudades na fiel torcida. Ah se eles tivessem jogado o ano passado, certamente o Corinthians não teria caído para a segundona...poderia afirmar os corintianos mais otimistas. Mas o objetivo deste texto não é relembrar os grandes ídolos do Corinthians e seus tempos de glória. O foco aqui é exaltar um tipo de jogador que tem ganhado muita importância no futebol brasileiro atualmente: o Curinga.

Em virtude das dificuldades financeiras dos times brasileiros é cada dia mais díficil manter seus principais jogadores no elenco. A procura dos times do exterior pelo "pé-de-obra" nacional aumenta anualmente. Soma-se a isso, o fato do atual sistema de disputa, por pontos corridos, do campeonato nacional, privilegiar as equipes com os melhores elencos. Uma solução cada vez mais utilizada pelos nossos times é rechear seus elencos com curingas.

Marquinhos Paraná: O Multi-Homem do Cruzeiro.

Revelado pelo Paraná Clube e com boas passagens pelo Figueirense, onde conheceu Adilson Batista, Marquinhos Paraná chegou à Toca da Raposa no início do ano. A aposta do treinador cruzeirense em repatria-lo do futebol japônes não foi por acaso. O elenco celeste apesar de muito bom não é muito numeroso e possui carências em algumas posições. Dono de um bom passe, eficiência nos desarmes e principalmente pela capacidade de atuar em 3 posições o experiente jogador logo se firmou como um dos principais jogadores da equipe mineira.

Volante de formação Marquinhos não vem sendo tão utilizado nesta função. A concorrência no setor é grande Fabrício, Charles e Ramires compõe a trinca pricipal de volantes cruzeirenses. Entretanto na lateral direita ele é presença constante, o número reduzidos de opção para este setor é uma das carências do elenco, Jonathan é o outro lateral direito. A lateral esquerda com o instável Jadilson é outra posição carente do time celeste e freqüentemente Marquinhos atua também por aquele lado do campo.

Seja nas laterais ou como volante, recentemente por conta da convocação de Ramires para as Olimpiadas, Marquinhos Paraná é um dos titulares da forte equipe do Cruzeiro. As imagens abaixo, obtidas da Prancheta Eletrônica**, mostram o posicionamento efetivo*** da equipe celeste em ação pelo Campeonato Brasileiro e ilustram bem a participação do curinga cruzeirense.




Com a camisa 2 contra o Fluminense, atuando na lateral-direita.




Com a camisa 8 contra o Naútico, atuando de volante, durante a ausência de Ramires na seleção olimpica.




Com a camisa 6 contra o Vitória, atuando de lateral esquerdo, em jogo da 1ª rodada do 1º turno.

Cícero: O efeito surpresa do Fluminense.

Revelado pelo Bahia, poxa que falta faz o tricolor baiano na elite, e com ótima passagem pelo Figueirense. Cicero chegou ao Fluminense para a temporada de 2007 ao lado do parceiro Soares, com quem formou ótima parceira no clube capixaba. O começo não foi dos melhores para ambos. Tanto que Soares não conseguiu se firmar e foi negociado com o Grêmio no início deste ano. Mas Cicero ficou e “estourou” no primeiro semestre de 2008.

A boa campanha do Fluminense na Libertadores entrou para a história. Bons jogos, torcida lotando o Maracanã e empurrando o time. Foi um momento especial na história do clube. E Cicero foi um dos responsáveis diretos. O meia de formação ajudou o time a “encaixar”. Atuou como segundo volante, meia de ligação e de atacante.

Sua capacidade em atuar em várias posições permitiu inclusive ao técnico Renato Gaúcho aplicar o chamado “nó tático” na partida de volta pelas quartas contra o São Paulo. Cicero entrou como segundo atacante e marcação do São Paulo não o achou em campo. Até o técnico paulista perceber a variação e encontrar a forma de marcar o tricolor das Laranjeiras era tarde e o Fluminense já vencia a partida. Renato usou a mesma estratégia contra o Boca e contra a LDU, variar o posicionamento de Cicero de acordo com a situação do jogo.

Infelizmente as boas atuações de Cicero não foram suficientes para que o “Pó de Arroz” se sagrasse campeão da América. Mas foram suficientes para chamar a atenção dos estrangeiros. E o Hertha Berlin da Alemanha acabou levando o jogar para a Europa.




Cicero, com a camisa 17, em ação no primeiro tempo da partida contra o Boca. Postado como volante pela esquerda.


Cicero, com a camisa 17, em ação no segundo tempo da partida contra o Boca. Postado como meia de ligação.




Cicero, com a camisa 17, em ação no primeiro tempo da partida contra a LDU. Postado como meia-atacante – alternando de posição com Conca e Thiago Neves.


Cicero, com a camisa 17, em ação no segundo tempo da partida contra a LDU. Postado como volante pela esquerda e apoiando bastante o ataque.




A presença de curingas é cada vez maior nas equipes brasileiras. Podemos enumerar uma série deles: Romerito do Goiás, que joga de ala, meia ou atacante,Carlinhos Paraíba do Coritiba, que alterna nas funções de meia e volante, Kléber do Santos, que é lateral-esquerdo mas também atua na meia Madson do Vasco, que faz vezes de lateral-esquerdo, meia e segundo atacante, Alex do Internacional, joga de meia-esquerda, lateral-esquerdo e atacante. Enfim a lista é extensa e sempre ficará faltando algum nome. Mas a participação dos curingas só tende a aumentar. Será que no futuro teremos um time só com Biros-Biros?

*Rodrigo é mestre em Ciência da Computação e responsável por projetos da ScoutOnline.
**Prancheta Eletrônica – software Scoutonline que permite a visualização de dados em tempo real.
***Posicionamento Efetivo – visualização do posicionamento das equipes baseado nos dados coletados pela Scoutonline.
Texto também publicado na Cidade do Futebol (http://cidadedofutebol.com.br)

Dados Fornecidos pela ScoutOnline

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