O Analfabetismo Tecnológico no Futebol Brasileiro

28 de mar. de 2008

Eduardo Fantato e Nicolas Bacic


O título desse artigo pode assustar alguns e ser encarado como provocação por outros. Prefiro ficar com a segunda opção, pois quando assustados muitas vezes corremos de diversas situações, enquanto que quando provocados buscamos argumentos e coerência para compreender e reagir.

Compreender os avanços tecnológicos é uma situação complexa realmente, tal a velocidade e possibilidades que são abertas. Mas isso não nos impede de utilizá-las e aplicá-las em nosso dia-a-dia. Tecnologias estão presentes nos diferentes setores, principalmente como forma de melhoria dos processos e otimização de resultados e eficiência.

Não é preciso ir fundo para visualizar o que queremos dizer com o título desse artigo. Mas apressamos-nos em não causar mal-estar. Analfabetismo deve ser visto não como uma alcunha pejorativa e sim como o desconhecimento ou falta de habilidade, um despreparo. E quando falamos em tecnologia a referência esta nas definições mais básicas de um dicionário: “aplicação dos conhecimentos científicos a produção em geral”, conhecimentos organizados, sistematizados, com intuito de obter um resultado de forma mais rápida e precisa.

O profissional do futebol brasileiro muitas vezes por desconhecimento ou falta de preparo (condições comuns a todos nós brasileiros) assume postura defensiva ou até mesmo de fervorosa oposição em relação a aplicação desses recursos em seu dia-a-dia.

Melhorar a execução de movimentos, os deslocamentos, precisão, avaliar desempenhos coletivos, rendimento técnico e tático, planejamento e controle de treinos, gestão da equipe desde aspectos administrativos até os aspectos técnicos, fazem parte de uma gama de possibilidades para o uso da tecnologia a serviço do futebol. Outras modalidades têm se beneficiado do uso da tecnologia, e mesmo assim não usufruem todo potencial tecnológico que pode ser implementado.

É comum ouvirmos argumentos como “o futebol é diferente”, “não dá para aplicar essas coisas, porque o que vale é na hora do jogo, lá no campo”. Sem dúvidas existe uma série de variáveis que interferem no resultado do jogo, desde o planejamento da temporada até o próprio desenrolar de uma partida. Mas com certeza mecanismos que otimizam o desempenho da equipe são sempre diferenciais no esporte, sejam eles de qualquer forma ou intensidade.

Esse espaço que inauguramos hoje visa discutir as possibilidades da tecnologia no futebol, as dificuldades, as resistências, os benefícios e resultados, através de ilustrações concretas do que ela é capaz. Mas para tanto devemos abrir a mente sobre a abrangência, os usos e interpretações que derivam de sua aplicação porque...

...enquanto os “profissionais” do futebol brasileiro considerarem uma revolução tecnológica assistir DVD e não mais o videocassete, que a imprevisibilidade torna o futebol acima de qualquer suspeita (leia-se tecnologia), o uso dos recursos tecnológicos como instrumentos para melhoria de eficiência das equipes será apenas tema para artigos e discussões sobre como poderiam ser úteis tais recursos no futebol...e não sairíamos do:

Ah! Se desse para aplicar tecnologia no futebol !!!”


Dois jogos de 45 minutos com um só resultado: Brasil 1x0 Suécia

26 de mar. de 2008



O Brasil ganhou? Bom... Isso depende do ponto de vista! Na verdade, podemos interpretar que o Brasil empatou um jogo e ganhou outro! E foram dois jogos diferentes, cada um com apenas 45 minutos. Foram 6 substituições no Brasil e outras 6 na Suécia, incluindo o goleiro. Mas não é só por isso que estamos dividindo esta partida em duas partes. Foram duas seleções diferentes em campo: a “principal” e a “olímpica”, salvo pouquíssimas alterações. Vejamos as escalações e substituições das duas equipes (figuras 1 e 2):


Fig.1: Escalação Brasil

Fig.2: Escalação Suécia


A seleção principal entrou em campo bastante organizada, passando a bola com qualidade e com as posições bem definidas. Como era esperado, só o Brasil atacava e a Suécia se defendia e utilizava os contra-ataques. No posicionamento efetivo do Brasil no primeiro tempo (figura 3), podemos ver que apenas Alex (4) e Lúcio (3) ficaram mais no campo de defesa. Na figura 4 pode-se perceber que o Brasil passou mais vezes a bola no setor esquerdo durante o primeiro tempo. As atuações de Gilberto Silva (8) e Júlio Baptista (7) chamaram o jogo para este lado. É uma pena que Luís Fabiano (9) não tenha conseguido aproveitar os insistentes cruzamentos errados de Richarlyson (6) (foram 5, todos errados!) no meio da zaga (dos gigantes) da Suécia.


Fig.3: Posicionamento Efetivo do BRASIL - 1o Tempo

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Fig.4: Passes Certos BRASIL - 1o Tempo



A seleção sueca entrou preocupada principalmente com a marcação. Seus meias e volantes (jogadores no. 9, 8, 6 e 7) faziam a primeira linha de combate e os zagueiros e laterais (5, 4, 3 e 2) faziam a segunda. Ambas as “linhas” apareceram no posicionamento efetivo da equipe no primeiro tempo e foram destacadas na figura 5. Na parte ofensiva os contra-ataques suecos eram perigosos principalmente pelos flancos, o que resultou em diversas finalizações dentro da área, onde os atacantes levaram muita vantagem (figura 6).


Fig.5: Posicionamento Efetivo da SUÉCIA - 1o Tempo


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Fig.6: Finalizações Suécia – Jogo Todo



No segundo tempo foi a vez da seleção brasileira (quase) olímpica tentar mostrar serviço. Alexandre Pato (21) e Anderson (19) entraram aos 59 minutos. Hernanes (17) e Thiago Neves (20) entraram ainda antes do gol da vitória. Em seguida os dois laterais foram substituídos por Marcelo (16) e Rafinha (13). E o que dizer dos mais jovens? Deve-se olhar para o resultado e dizer que estão prontos? Com certeza não! Na figura 7 pode-se ver o posicionamento efetivo do Brasil no segundo tempo.

Fig.7: Posicionamento Efetivo do BRASIL
2o Tempo


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Todos entraram bem e com muita vontade, dando velocidade ao time. Anderson e Thiago Neves deixaram o meio campo mais leve, porém um pouco mais afobado. Pato recebeu poucas bolas e ficou isolado com Robinho buscando jogo no meio campo. A atitude da equipe em campo era mais agressiva e pode-se dizer que a tranqüilidade da equipe foi mantida pela permanência em campo do experiente Gilberto Silva (8), que comandava a marcação e a saída de bola.

Só mais um detalhe: o Brasil acertou o gol adversário apenas 4 vezes, sendo que uma entrou. A figura 8 mostra a origem e o destino das finalizações. Como o Brasil não encontrava espaço para finalizar de perto, tentou de longe, sendo que a maioria dos chutes foram interceptados ou errados. Pato resolveu o jogo com um golaço após uma falha grosseira do goleiro sueco.


Fig.8: Finalizações do Brasil – Jogo Todo


Para finalizar, que tal um resumo do jogo? A Suécia se defendeu bem e nenhuma das equipes brasileiras conseguiu aproximar-se da meta com eficiência. Seria muito “anti-patriota” dizer que não fomos grandes merecedores desta vitória? É claro que o Brasil tem mais qualidade e maior volume de jogo ofensivo, mas a Suécia (quase) provou que permanecer no ataque o jogo inteiro não resulta necessariamente em um resultado positivo. E fica uma crítica ao Dunga e à comissão técnica brasileira: por que não treinar uma equipe só, tornando o amistoso mais proveitoso no que diz respeito a evolução de um time? O Brasil tem que pensar em ganhar a olimpíada, a copa do mundo e todos os campeonatos que participar! E para isso a vitória em um amistoso não pode ser mais importante que o entrosamento e o desenvolvimento de uma das equipes.

Para que serviu o amistoso além da recompensa financeira?


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Brasil 1x0 Suécia

Dados fornecidos pela ScoutOnline

A (in)eficiência Tricolor e os 3 Pontos sobre o Bugre

A proposta de jogo de ambas as equipes era bem clara: o Guarani ficou recuado e queria o empate, enquanto o São Paulo precisava da vitória de qualquer maneira. O Bugre passou menos a bola, finalizou menos... Jogou menos! Mas mesmo assim quase conseguiu o que queria. Se não fosse Borges aos 29 minutos do segundo tempo o jogo não teria saído do 0 a 0. E apesar do tricolor ter passado mais a bola, finalizado mais e conquistado mais escanteios também não demonstrou eficiência. E fica a contradição: eficiente para conseguir 3 pontos; ineficiente para conseguir a vitória com tranquilidade.

Posicionamento Efetivo da Equipe do GUARANI

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O meio campo do Guarani jogou para congestionar a região e conseguiu impedir que o São Paulo progredisse com a bola por infinitas vezes. Cris (11) ajudava a marcação e Henrique (9) ficava isolado no ataque, tentando brigar por chutões. Foram poucas as oportunidades do inofensivo time do Guarani no ataque. Queriam mesmo o empate.

Posicionamento Efetivo da Equipe do SÃO PAULO

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O São Paulo tinha à frente de seu objetivo um meio campo congestionado. Mas mesmo assim insistiu pelo meio com passes curtos e dribles, principalmente Carlos Alberto (19), muito criticado por Muricy. Zé Luís jogou como lateral direito e reforçou a marcação por este setor. Mais à frente, Joílson (12) tentava criar jogadas ao lado de Hernanes (15) mas não foi bem sucedido.



O São Paulo achou o gol por insistência, mas teve bastante dificuldade para entrar na defesa bugrina. Até mesmo as bolas aéreas, especialidade do tricolor, não estavam funcionando como o esperado e os atacantes não conseguiam ganhar dos zagueiros.

Passes Certos Por Região do Campo

São Paulo - Jogo Todo

figura ao lado podemos ver os 338 passes certos do São Paulo divididos nas diferentes regiões. Em destaque em vermelho podemos observar que poucos passes aconteceram próximos à linha de fundo, por ambos os lados. O São Paulo tinha dificuldade para invadir pelos flancos e acabou insistindo muito pelo meio, como mostra a outra região em destaque. Tal atitude da equipe tricolor faciltou o trabalho do Guarani, que por muito pouco não saiu com 1 ponto do Brinco de Ouro da Princesa. Para pensar no título o São Paulo vai precisar prestar mais atenção nos detalhes! Cadê a evolução, Muricy?


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Guarani 0x1 São Paulo

Dados Fornecidos pela ScoutOnline

Paulista 0 x 2 Palmeiras. Rumo ao Título?

25 de mar. de 2008

O Palmeiras não sentiu em nenhum momento que perderia esta partida. Já estavam na frente aos 5 e ampliaram o placar aos 18 minutos do primeiro tempo. Mas não foi sorte! O Palmeiras dominava as ações do jogo e pouco precisava se preocupar com a defesa. No segundo tempo a equipe não ampliou o placar mas também não correu grandes riscos. Mais uma vez Luxemburgo utilizou Makelelê e Martinez para dar rigidez a sua defesa. O Paulista tentou chegar mais vezes no segundo tempo mas parecia que o Palmeiras tinha tudo sobre controle.

Posicionamento Efetivo da Equipe do PAULISTA

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O Paulista mostrou-se organizado defensivamente mas pouco eficiente para atacar. Poderiam ter utilizado melhor os contra-ataques, já que a proposta da equipe era ficar fechada na defesa. Não deu certo e não tiveram força para reagir mesmo com as substituições.

Posicionamento Efetivo da Equipe do PALMEIRAS

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Apenas Gustavo (3) e Henrique (28) não participavam do ataque palmeirense. Ambos os alas subiam ao ataque frequentemente e Pierre (5) e Léo Lima (27) - escalados como volantes - apoiavam Valdívia (10) e Diego Souza (7). O setor esquerdo do Palmeiras parece ser o mais forte, principalmente quando Diego Souza também aproxima-se de Valdívia e Leandro (6).



O número total de passes e escanteios conquistados apresentados na figura acima mostra a superioridade palmeirense no que diz respeito ao volume de jogo ofensivo. Por outro lado, Foram poucos chutes a gol se comparados aos números da equipe adversária. O segundo tempo foi um pouco mais complicado para o Palmeiras, mas nada que fizesse a equipe temer a derrota.

Passes Certos em Relação ao Tempo


O gráfico ao lado mostra mais uma vez a superioridade palmeirense, mesmo no segundo tempo. A equipe teve domínio das ações do jogo todo e mereceu a vitória. Os torcedores devem estar satisfeitos com o desemepenho da equipe, que com certeza é grande candidata ao título do Paulistão 2008.




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Paulista 0 x 2 Palmeiras

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Jogo sem emoção: Corinthians 1 x 0 Rio Claro

Este foi uma partida que qualquer recém-infartado poderia assistir tranqüilamente. O Corinthians bateu o lanterna do campeonato em um jogo sem emoções fortes. Mano Menezes optou por um time de certa forma equilibrado com três zagueiros, dois alas, um volante, dois meias e dois atacantes.

Com esta escalação e este posiciopnamento, o Corinthians ficou muito dependente da movimentação e recepção das bolas por Dentinho (31) que não jogou bem. Acosta (10) também não atuou bem e faltou um homem para fazer a articulação das jogadas de ataque pelo meio.

O sistema defensivo do Corinthians foi destaque neste jogo e garantiu a vitória do time corintiano.

Posicionamento Efetivo da Equipe do CORINTHIANS

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No segundo tempo Perdigão (8) entrou no lugar de Heverton (29) na tentativa de dar maior qualidade ao passe no meio-campo, Herrera (17) e Nilton (28) também entraram, mas o placar não foi alterado.

Posicionamento Efetivo da Equipe do RIO CLARO

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O Rio Claro iniciou o jogo atacando somente pela direita com as participações de Mirandinha (7) e Ivan (10). A partir da metade do segundo tempo, o ala esquerdo P.C. (11) foi mais acionado dando mais uma opção ao ataque e maior qualidade, devido à sua velocidade e habilidade.

Durante todo o segundo tempo o Rio Claro conseguiu manter uma maior posse de bola, porém não conseguiu articular jogadas eficientes, o sistema defensivo da equipe adversária não permitiu que os passes do Rio Claro chegassem com qualidade aos atacantes.



O número total de passes das equipes mostra que foi um jogo de certa forma equilibrado quanto ao domínio do jogo, porém a quantidade de chutes nos dá uma idéia da maior eficiência do Corinthians.

Aproveitamento dos desarmes do CORINTHIANS e sua porcentagem por região do campo.

O sistema defensivo do CORINTHIANS marcou muito forte a partir de sua intermediária defensiva e não deixou os atacantes e alas do Rio Claro jogarem livremente, garantindo dessa forma o resultado favorável ao time corintiano.


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Corinthians 1x0 Rio Claro

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Análise Pós-Jogo: Domingo sem Peixe-frito, mas com um jogo ensopado!

24 de mar. de 2008

Guará 0 x 1 Santos


É verdade que a chuva não ajudou, mas mesmo com uma noite de Páscoa estrelada este jogo estaria longe de ser um espetáculo....

O jogo entre Guará e Santos foi muito “truncado” e de marcação forte por parte do time da casa, o Santos tentou de várias maneiras chegar ao gol com uma jogada dentro da área adversária, mas não obteve sucesso e foi com um chute de fora que o Peixe abriu o placar e conseguiu bater a invencibilidade de quatro jogos consecutivos do Guará.

Guaratinguetá

Santos


As escalações e o posicionamento dos dois times mudaram muito pouco em relação aos jogos da rodada anterior. Tanto o Santos quanto o Guará entraram em campo com dois zagueiros, dois laterais, dois volantes e dois atacantes.

A figura abaixo mostra os posicionamentos efetivos do primeiro tempo:

Guaratinguetá

Santos

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*A seta preta indica para que lado o time atacou.


Os posicionamentos mostram que os laterais constantemente vão ao ataque. Enquanto os volantes fazem a cobertura, os meias do Santos jogam bastante avançados e os atacantes vêm buscar a bola no meio. Já o Guará é mais cauteloso, Michael (10) joga próximo aos atacantes, mas Magal (8) auxilia na marcação pelo meio.

O Santos se manteve bastante ofensivo quase o jogo inteiro, porém o posicionamento defensivo do Guaratinguetá funcionou muito bem até os 40 minutos do segundo tempo.


Comparação entre a quantidade / regiões dos passes certos do Santos e o aproveitamento por região / fundamentos defensivos do Guaratinguetá

As imagens acima explicitam a superioridade do Santos e o posicionamento defensivo do Guaratinguetá. Enquanto o visitante trabalhava a bola em seu campo defensivo o Guará mantinha a marcação avançada. Quando o adversário chegava à sua intermediária ofensiva o Guaratinguetá se fechava na frente da área e não deixava o Santos avançar.

Os jogadores de meio-campo do Santos constantemente trocavam de posição com os atacantes. Molina (10) e Wesley (7) por diversas vezes se encontravam muito próximos à área adversária, enquanto Renatinho (9) aparecia no meio para auxiliar na armação das jogadas ofensivas. Sebastián (8) jogou mais em sua posição, mas também saiu algumas vezes da área para buscar o jogo, principalmente na lateral direita, até mesmo para conseguir tocar na bola, pois a marcação do Guaratinguetá não deixava os passes chegarem com qualidade além da intermediária.


Bolas recebidas por Michael (10)

Área de atuação de Kléber (3)


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Os destaques explicitados na análise Pré-Jogo ficaram longe de se destacar neste jogo. Pelo Guará, Michael (10) não apareceu para jogar como de costume e fez passes ruins. Kléber (3) lateral esquerdo do Santos também não jogou bem. Ele esteve apático durante todo o jogo, muito fechado no meio-campo. Tentou realizar alguns lançamentos que não chegaram ao destino desejado e quase não chegou à linha de fundo para cruzar a bola na área.

O time do Guaratinguetá atacou principalmente pela esquerda durante o primeiro tempo, deixando a lateral direita mais preocupada em marcar. Quando as bolas chegavam ao ataque, Alessandro (9) não conseguia manter a posse, perdendo-a várias vezes para os zagueiros santistas.

Ainda no primeiro tempo, Jackson (5) foi expulso e o time do Guará se fechou ainda mais, Michael (10) ficou isolado e o time apostou nas tentativas frustradas de lançamentos. Houveram pouquíssimos chutes e apenas quatro chegaram à meta adversária.

Por fim, aos 40 minutos do segundo tempo o volante santista Marcinho Guerreiro (5) acertou um chute no canto esquerdo do gol de Fábio (1) e garantiu a vitória do Peixe.

A derrota não foi suficiente para tirar o Guará da liderança, mas ajudou o Santos a subir duas posições na tabela e ficar em sétimo. Para os santistas apegados aos números, o jogo foi agradável, para o Guará e principalmente para os olhos dos espectadores foi um jogo um tanto ruim. Apesar de nao termos acertado o resultado, o empate não teria sido tão injusto assim. O jogo foi equilibrado e o gol foi um "achado" da equipe santista! Já o Guará deve tomar mais cuidado com as expulsões, pois sem dúvida elas têm sido faotres facilitadores para seus adversários.


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Guaratinguetá 0x1 Santos

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No sufoco Santos passa pelo Azulão!!!

20 de mar. de 2008

Bola parada salva Santos de Leão...




Com o mando do jogo e o Pintado no comando da equipe o São Caetano fez boa partida contra o Santos mas não levou os três pontos. Para o time da Vila a partida não foi tão boa assim. Ainda com problemas no elenco, os comandados de Leão ainda não apresentaram um bom futebol este ano.



Jogando com 3 zagueiros e um volante na contenção, o Azulão deu liberdade a seus homens de meio e ataque para buscarem o gol. Valorizou sua posse de bola com boas trocas de passe e só não marcou o gol pela pontaria de seus laterais e atacantes. Nas figuras abaixo, pode-se ver os números do São Caetano no primeiro tempo.



Em 16 tentativas de cruzamento apenas 5 bolas chegaram aos atacantes. Estes, bem marcados pela defesa santista, não fizeram muito melhor. Como podemos ver na figura abaixo, foram 6 chutes para fora, sendo que um passou muito longe do gol. Na tabela acima vemos 6 chutes certos, mas apenas 2 destes não foram interceptados antes de chegar a meta adversária.



O Santos pode estar desorganizado, mas ainda há o peso da camisa e o talento de alguns jogadores. Não é um elenco fraco, e fez valer sua força. Gol de bola parada também vale! E no final das contas o importante é somar 3 pontos; e o Santos conseguiu.



O Santos possui um elenco com alguns jogadores muito jovens e habilidosos, principalmente no meio campo. O sistema defensivo é composto por dois zagueiros e dois laterais, sendo que o lateral esquerdo Kléber (3) é bastante habilidoso e possui a característica de apoiar muito bem o ataque. O lateral direito Adoniran (4) também é bastante veloz e sabe o que fazer com a bola nos pés, porém neste jogo ambos atuaram de forma diferente, principalmente no segundo tempo. Jogaram próximo ao meio campo, mas não criaram, participaram pouco da articulação das jogadas de ataque e raramente chegaram à linha de fundo. Durante todo jogo, Kléber (3) realizou sete cruzamentos (apenas quatro da linha de fundo) e nenhum chegou à cabeça de algum atacante. Adoniran (4) realizou apenas três cruzamentos e acertou apenas um.



Analisando o posicionamento dos volantes, Marcinho Guerreiro (5) e Rodrigo Souto (11), pode-se perceber que raramente estes jogadores vão ao ataque tanto no primeiro quanto no segundo tempo. Com isso a armação das jogadas ofensivas ficou sob a responsabilidade de Wesley (7) e Molina (10), sendo que nenhum dos dois possui características claras de jogadores de armação, mas sim de meia-atacantes que recebem a bola próximo à área e carregam-na para dentro.



A falta de um jogador de armação fez com que o time do Santos deixasse um buraco no meio campo, obrigando os atacantes Kléber Pereira (9) e Sebastián (8) a buscarem a bola no meio para conseguirem participar do jogo. Enfim, após abrir o placar,
o Santos fez de tudo para segurar o resultado. Se fechou no segundo tempo colocando mais um volante (Marcelo – 14) para ajudar na defesa e apostou na velocidade dos contra-ataques de Vitor Jr. (16) e Renatinho (18). Uma vitória arriscada, suada, mas que valeu os três pontos na tabela.


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São Caetano x Santos

Dados Fornecidos Pela ScoutOnline

Os triângulos no futebol: compreensão através da aplicação argentina

Eduardo Fantato e Rodrigo Grassi Martins

Eduardo é mestre em Ciências do Esporte e diretor da ScoutOnline
Rodrigo é mestre em Ciência da Computação e responsável pelos
projetos esportivos da ScoutOnline

Buscamos nesse texto expor com auxilio de recursos tecnológicos, uma reflexão sobre algumas construções que muitos dizem filosófica e as vezes não enxergamos no campo prático do jogo.

O futebol deve ser baseado em triângulos !? (interrogação ou exclamação).

Antes vamos mudar dos pés para as mãos e lembrar de Phil Jackson um técnico (e pouco mais do que isso, basta vermos suas conquistas) do basquetebol americano que junto com o Tex Winter (que seria o criador do sistema) aperfeiçoou e defende a filosofia do Sistemas dos triângulos (traduzidos por alguns no Brasil como sistema de ataque por oportunidades iguais), vejam bem, é chamada de filosofia de jogo.

Os principais fatores dessa filosofia são a recusa de qualquer desculpa que prejudique o aprendizado e a sincronia e coletividade da equipe que permita que os jogadores sempre busquem oportunidades para pontuar.

Bem, vamos lá, um sistema de triângulos não é apenas uma filosofia é a forma básica de se criar possibilidades táticas em um jogo. Ocupação de espaço, compactação da equipe, movimentação sincronizada, balanço defensivo, criação de linhas de passes, muitas outras possibilidades

Figura 1: ilustração dos triângulos no basquete (http://www.5starhoops.com)

Oras mas futebol é diferente!!!!! Com certeza !!!! Temos mais jogadores e mais espaços, ou seja maior possibilidade de organizar tais triagulos e maior variedade desses. Humm! Mas ai que esta o problema, quanto mais jogadores envolvidos mais dificil organizar um sistema com tamanha complexidade e comprometimentos dos atletas.

Dai talvez o porque Phil e Tex caracterizam como filosófico, porque se o jogador não acreditar e não compreender (isso não significa aceitar sem questionamento) realmente a coordenação desse sistema rui. É necessário estimular o jogador para que busque a movimentação, a triangulação tão solicitada no futebol, que crie as linhas de passe, se posicione em sincronia com os companheiros...

Ah! Mas o jogador não consegue! É facil teorizar mas ninguém coloca isso em prática. Não podemos ficar aqui achando(botando) sempre empecilhos, e sim intervir no processo, “quebrar a cabeça”, nunca esconder-se, permitir que próprio sistema de triângulos aponte chances e possibilidades de tentar o acerto.

Temos um exemplo nítido no futebol que é a seleção da Argentina, alias a disciplina tática dos nossos “hermanos” é de invejar.

Mas antes de adentrarmos nos triângulos da seleção, lembramos de certa vez tivemos a oportunidade de assistir partes de um treino de Carlos Bianchi, ex-técnico do Boca Juniors. Á época no calor das finais da Libertadores, a qual ganharia em cima do Santos. Bianchi comandava um treino com grupos de três atletas e uma movimentação que desfazia e formava outros trios pelo campo inteiro, sequenciados e sincronizados com bola e movimentação. Um volante, um zagueiro e um meia... derrepente naquele mesmo espaço encontravamos o mesmo volante com o lateral e o atacante. Ultrapassagens, jogadores invertendo linhas de passes e movimentações sincronizadas, uma verdareira orquesta num treino de futebol.

As vezes não percebemos e demoramos para assimilar o que observamos, no jogo contra o Santos um gol de Tevez (http://www.youtube.com/watch?v=4uaqWhmtcx4) nos remetou aquele treino, bola longa da esquerda para direita na linha de fundo, retorno para o meio , jogadores encurtam espaços, triângulos se formam a todo instante, tabela rápida e...viajamos para 2006 para o gol de Cambiasso (http://www.youtube.com/watch?v=6R_iYLca2gc) contra a Sérvia e Montenegro, 25 passes e incontaveis triângulos dinâmicos surgiam e se desfaziam e uma das jogadas de gol mais fantástica de uma Copa do Mundo.

Bom difícil deixar a emoção de lado, mas voltemos a razão. Mostras claras que o treino reflete no jogo. Que um planejamento tático envolve treino, compreensão e aplicação, quantas vezes a Argentina não atua de tal maneira e não se destaca porque não ocorreu um gol diretamente de um dinâmica similiar. Mas isso já faz parte de um processo de jogo característico e que é nitidamente destacado em relação a qualquer outra seleção que disputou a copa.

Ilustramos com as informações de fluxo de passe da Argentina contra a Sérvia e Montenegro na Copa da Alemanha

Fluxo de Passes - Argentina (vs. Sérvia - Copa da Alemanha)


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Ferramenta da ScoutOnline baseada no posicionamento efetivo de cada jogador e que mostra a distribuição de bola. Cada cor identifica um jogador e a espessura da linha o volume de bola jogada para determinado companheiro.

É muito evidente os triângulos que os jogadores formam, ampliando as opções através de movimentações e criação de linhas de passe. Desmembramos a imagem do fluxo de passe por grupos de 3 jogadores, a posição indicada é a padrão mas podemos perceber através dos fluxos e jogadores envolvidos o nível de articulação e movimentação das ações ofensivas da Argentina e a importância de Mascherano, Cambiasso e Riquelme, colocando suas individualidades a serviço da equipe, a baixo a circulação de bola entre os três jogadores.


A seguir os triângulos formados com Mascherano (8) , Cambiasso (5) e Riquelme (10):

Tendo apenas Cambiasso como base


Tendo apenas Mascherano como base


Tendo apenas Riquelme como base


Tendo Mascherano e Cambiasso como base

Tendo Riquelme e Mascherano como base


Tendo Riquelme e Cambiasso como base


Uma verdadeira aula de futebol aplicado, não no sinônimo que nós brasileiros alcunhamos, considerando como um futebol aplicado aquele de forte “pegada”, mas de uma transferência de algo planejado, treinado, e aplicado ao campo de jogo.

Alguns diriam, mas a Argentina não ganhou!

Texto publicado em 20/11/08 no www.cidadedofutebol.com.br